“CALA A BOCA JORNALISTA!"

Causou-me indignação ao saber que Fernando Haddad, Ministro da Educação, deverá ainda este mês, nomear uma comissão de especialistas para indicar diretrizes nacionais para os cursos de jornalismo. O objetivo é permitir que qualquer pessoa formada em outra área possa conseguir o diploma de jornalista. Pode um negócio desse? Sem falar, que essa iniciativa surge exatamente no momento em que entidades do setor esperam a palavra final do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a obrigatoriedade do diploma.

O senhor Haddad é bacharel em Direito. Como será que ele e a sua categoria reagiriam, se a partir de agora, qualquer profissional com formação em outras áreas, pudesse exercer a profissão de advogado? Por que abrir caminhos para outros profissionais que querem a qualquer custo ser jornalista? Seria ético uma pessoa atuar em uma área a qual não tenha conhecimento? Já imaginou, se um jornalista passasse fazer o trabalho do médico, arquiteto, psicólogo, advogado...? Certamente, todas essas categorias se voltariam contra esse profissional. O ministro ainda disse, através da sua assessoria que defende que jornalistas profissionais tenham diploma de ensino superior. Mas, espera aí... o que ele quer afinal?

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) luta a favor da obrigatoriedade do diploma e faz circular pela Internet um documento que diz: “a sociedade brasileira está ameaçada numa de suas mais expressivas conquistas: o direito à informação independente e plural, condição indispensável para a verdadeira democracia”. Vale lembrar, que a regulamentação da profissão aconteceu há 70 anos e a criação do Curso de Jornalismo há mais de 40 anos.

A categoria vem lutando há muito tempo pela criação do Conselho Federal de Jornalismo, mas parece que os parlamentares fazem vistas grossas. Afinal, com o Conselho acabariam as barbaridades que vemos, como por exemplo, os apadrinhamentos de pessoas sem conhecimento algum atuando nos meios de comunicação como jornalista. Aqui no Ceará é só o que tem! O diploma valoriza o profissional e a profissão. Só experiência não basta, porque há muitas coisas que só aprendemos nos “bancos da universidade”, desta forma, o importante é a união da teoria com a prática. A não exigência do diploma específico interessa apenas aqueles que não tem interesse em pagar o que é justo ao jornalista.